Let's have a break here...
Gostaria de pedir licença a um autor que gosto muito. Hoje (tudo bem que eu deveria ter feito isso em Finados...), vou deixar um texto de Augusto dos Anjos, sobre a prática da arte.
Abraços!
O Martírio do Artista
Arte ingrata! E conquanto, em desalento,
A órbita elipsoidal dos olhos lhe arda,
Busca exteriorizar o pensamento
Que em suas frontais células guarda!
Tarda-lhe a Idéia! A inspiração lhe tarda!
E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,
Como o soldado que rasgou a farda
No desespero do último momento!
Tenta chorar e os olhos sente enxutos!...
É como o paralítico que, à míngua
Da própria voz e na que ardente o lavra
Febre de em vão falar, com os dedos brutos
Para falar, puxa e repuxa a língua,
E não lhe vem à boca uma palavra...
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"E não lhe vem à boca uma palavra..." Existe coisa mais certa que a incerteza de se conseguir falar o que se sente?
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